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Para quem não sabe o que quer, qualquer coisa serve!

Infinitas foram às vezes em que eu já utilizei dessa frase, nas mais variadas ocasiões, geralmente para mim mesma, quando estou indecisa, ou para com os meus clientes que têm dificuldade de reconhecer e transparecer sua opinião, desejos e limites.

Essa frase, que me soa muito provocativa, foi extraída e resumida a partir de um trecho do livro Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll, que segue:

Enquanto perambulava em busca do caminho de casa Alice encontra sobre um galho de árvore um Gato de Cheshire, e lhe pergunta:

“O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que devo tomar para sair daqui?”

“Isso depende muito de para onde você quer ir”, respondeu o Gato.

“Não me importo muito para onde…”, retrucou Alice.

“Então não importa o caminho que você escolha”, disse o Gato.

Traduzindo: Pra quem não sabe o que quer ou para onde vai, qualquer coisa ou caminho serve.

Ao que parece a vida é assim mesmo, uma infinidade de caminhos que se abrem, inclusive com grandes diferenças nos obstáculos do percurso dependendo de qual trilha seguimos.

No entanto, mais importante do que as pedras no caminho, ou os obstáculos que encontramos ou encontraremos, é a escolha da direção, afinal, é escolhendo que determinamos quem somos e boa parte dos rumos da existência.

Vamos de exemplos simples: Já deixou de escolher um presente ou dizer o que gostaria de receber quando alguém te perguntou e depois acabou ganhando algo que não queria?

Já foi jantar na casa de alguém e disse “tanto faz” para o que fosse cozinhado e acabou tendo que tragar algo que você abomina?

Não esclarecer, não dizer, não escolher, é não permitir aos outros que entrem em contato com um Eu transparente e, muitas vezes, é ter que conformar-se com o indesejado e inesperado. E é, não sabendo ou não dizendo o que se quer na simplicidade, que isto se repete naquilo que nossa vida tem de mais complexa.

Se sentir-nos no comando de ao menos uma parte da nossa existência é valor pra nós, então que tentemos, dia depois de dia, esclarecer quem somos, sendo capazes de escolher caminhos, dizer os gostos, desejos, limites, etc.

Só assim é que todos, e nós mesmos, teremos a oportunidade de decisões mais autênticas e mais próximas da nossa realidade. Caso contrário, é possível que sigamos chorões que esperam que os outros vejam e percebam meus limites e gostos e que a vida me leve, sem meu esforço, para algum lugar de prestígio, onde a felicidade também está.

Última pista, esperar da vida ou das pessoas sem também agir é uma aposta bastante arriscada e o preço que se paga é alto. Afinal, é o nosso tempo que está em jogo. E o tempo? o tempo é a vida. No final das contas, o custo seja talvez nunca ter vivido.

 

Caloroso cumprimento e até semana que vem.

 

Solange Kappes
Psicóloga CRP 12/15087
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