A prisão de Douglas Borba, ex-chefe da Casa Civil do governo Moisés, dentro da operação O², que investiga a compra de 200 respiradores por R$ 33 milhões para o combate ao coronavírus em Santa Catarina, tem um peso condizente com a relevância que ele ganhou desde a eleição de 2018.
Douglas era o homem forte da atual gestão até ser exonerado da função no começo de maio após a primeira fase da investigação coordenada pelo Gaeco, do Ministério Público, e pela Deic, da Polícia Civil.
Nos primeiros depoimentos, a ex-superintendente de Gestão Administrativa da secretaria de Saúde, Marcia de Pauli, disse que foi Douglas o responsável por indicar a empresa Veigamed para oferecer os 200 respiradores. Em depoimentos, ele negou ter intermedidado a compra.
O agora ex-vereador de Biguaçu (ele renunciou ao cargo depois de deixar o governo) se aproximou de Moisés ainda na eleição para o governo do Estado. Douglas o acompanhava em entrevistas, por exemplo. Estava com o então candidato lado a lado até a vitória no segundo turno da eleição de 2018.
Ao assumir, o governador deu a ele a principal pasta do seu secretariado. Aos poucos, o chefe da Casa Civil foi ganhando ainda mais espaço. Nos bastidores, algumas pessoas que se relacionavam com o governo reclamavam do poder dado a Douglas. Mesmo assim, cabia a ele a interlocução nos principais assuntos do Executivo.
No lado político, ficou para Douglas, que se desifiliou do PP, o protagonismo para organizar o PSL, escolhido por Moisés mesmo depois de o presidente Jair Bolsonaro decidir pela saída do partido. O chefe da Casa Civil tornou-se o articulador da sigla de olho nas eleições municipais de 2020.
Mesmo que não esteja mais no cargo, o histórico do ex-secretário tem forte impacto na gestão de Moisés e a segunda fase da operação é um abalo para o governo. Os investigadores têm dito que o Executivo deu todo o aval para a apuração no caso dos respiradores.
Na primeira fase, o procurador-geral do MP-SC, Fernando Comin deixou claro que não havia indícios da participação do governador na compra. Mesmo assim, do ponto de vista político e para a sociedade, o contexto do primeiro ano e cinco meses de governo resumem a repercussão da prisão de Douglas.
A principal dúvida a ser respondida na coletiva que ocorre nas próximas horas para detalhar a investigação é o que mudou entre o começo de maio e o começo de junho para a ação deste sábado ocorrer. Explico: na primeira fase da investigação, a Justiça negou um pedido de prisão do ex-chefe da Casa Civil.
Os fatos novos que embasaram uma nova solicitação e a permissão judicial são, sem dúvida, respostas importantes para o entendimento do cenário.
Fonte: NSC