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O futebol vai voltar! Vai mesmo?

Coluna: Não é só Futebol

Um decreto que pegou todos de surpresa. Assim podemos descrever a notícia que repercutiu em diversos meios de comunicação nessa terça-feira. Após negativas anteriores, o Governo do Estado liberou na noite de segunda-feira 11 (com restrições), a volta dos treinamentos esportivos. Na prática, muitas medidas podem parecer impraticáveis, com o perdão do trocadilho.

Talvez baseado na pressão de algumas pessoas ligadas ao futebol profissional, o Governador acabou cedendo, e condicionando a volta aos treinamentos com diversas recomendações; seguem abaixo as mais curiosas:

I – No caso de sintomas (tosse, febre, cefaléias, dores no corpo, dispnéia, fraqueza generalizada, perda do olfato ou paladar, sintomas gastrointestinais, etc.) ou de pessoas com as quais residam, os atletas deverão comunicar imediatamente ao responsável médico do clube;

IV Cada atleta treina com a sua bola, raquete ou outro equipamento identificado e higienizado previamente;

Vamos aos fatos; para manter-se uma rotina de treinamentos regrada, deveria haver um isolamento, não só dos atletas, como de todas as pessoas que convivem com os mesmos. Esposas, filhos, pais, amigos próximos, todos deveriam deixar de se expor ao possível contágio do vírus, ou seja, frequentar supermercados e academias, por exemplo, seria altamente contraditório. Possível? Sim. Provável? Dificilmente.

Com relação ao primeiro ponto do decreto, há uma grande dificuldade. Estamos chegando ao inverno, estação em que os vírus comuns também começam a circular na população. Como bem pontuado pelo médico da Chapecoense, Dr. Mendonça, em entrevista ao programa “Golaço”, da rádio Oeste Capital, “se torna difícil à distinção entre o vírus da influenza e do Coronavírus, sendo que muitos dos sintomas são comuns a ambas as enfermidades, embora haja características exclusivas para cada uma delas”.

Em resumo, se qualquer jogador ou familiar apresentar um quadro de possibilidade de infecção, o atleta deve ser imediatamente isolado e todo o grupo novamente testado. Ou seja, há uma grande dificuldade no planejamento a longo prazo de um trabalho em grupo, sendo que uma situação individual pode comprometê-lo.

Quanto ao segundo ponto destacado, percebamos que, mesmo com a volta das atividades, o decreto praticamente obriga que cada atleta atue de forma isolada do coletivo, ou seja, podemos dizer que ao invés de uma equipe em treinamento, teríamos mais um ponto de aglomeração e possível contágio. 

Após o decreto, já tivemos atitudes divergentes. O Avaí foi o primeiro clube a iniciar os testes em seus atletas, funcionários e comissão técnica, enquanto o Concórdia Atlético Clube emitiu uma nota oficial em sua página no Facebook apoiando a decisão do Prefeito Municipal Rogério Pacheco, que desautorizou o retorno das atividades esportivas no município, baseado nos dados alarmantes do alastramento da COVID-19 na região Oeste de Santa Catarina.

Mundo 

A nível mundial, a Liga Portuguesa e a Liga Alemã já anunciaram o retorno de seus campeonatos nacionais, porém existe um grande temor atrelado à volta dessas competições.

Em Portugal, por exemplo, nove jogadores profissionais já foram diagnosticados com o Coronavírus, e na Alemanha, já está definido que todos os jogos serão com portões fechados e com restrições específicas quanto à convivência social dos atletas.

A impressão geral que nos é passada, é que nesse momento tão conturbado e diferente que vivemos, antes de pensarmos no entretenimento proporcionado pelo esporte, e em especial, o futebol, faz-se necessária a empatia para entender que a vida dos que proporcionam o espetáculo tem mais importância.

Que a coerência e o bom senso vençam essa batalha invisível.

Derlei Alex Florianovitz