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Na Câmara, especialistas defendem educação midiática como forma de combate às fake news

Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) realiza audiência pública interativa para tratar sobre "A importância da educação para o combate à disseminação das Fake News". (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)

Especialistas convidados para um ciclo de debates sobre fake news promovido pela Câmara dos Deputados apontaram nesta quarta-feira (5) a necessidade do fortalecimento da educação midiática como um dos pontos chaves do combate às informações falsas.

Em resumo, a educação midiática consiste em ensinar a uma pessoa habilidades que permitam, por exemplo, a identificação dos diferentes tipos de textos e da veracidade de uma informação.

O ciclo de debates sobre o tema na Câmara começou depois que o Senado aprovou um projeto de lei com medidas relacionadas à disseminação de conteúdo falso na internet. A ideia é colher sugestões para aperfeiçoar o texto discutido pelos senadores.

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No sábado (1º), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse que pretende agilizar a tramitação do projeto na Câmara. Maia fez a afirmação em uma rede social ao comentar recentes ataques ao youtuber e influenciador digital Felipe Neto. O parlamentar também convidou Felipe para discutir a proposta em uma reunião e “melhorar” o texto.

Em linhas gerais, o projeto aprovado prevê o rastreamento de mensagens reencaminhadas em aplicativos de conversa; que provedores de redes sociais tenham sede no Brasil; e regras para impulsionamento e propaganda nas redes sociais.

Inicialmente, a proposta alterava o Código Penal criando punição para a disseminação de fake news, mas esses trechos foram retirados do texto pelo relator.

A discussão desta quarta-feira foi mediada pela deputada Tábata Amaral (PDT-SP). Especialistas ressaltaram a importância da educação voltada para a produção de conteúdos nas redes desde o ensino básico.

“A partir da nossa experiência nas escolas de educação básica eu reafirmo que é evidente que nós precisamos discutir a desinformação, o consumo e a produção de conteúdo nos meios digitais desde os primeiros anos da aprendizagem”, afirmou a diretora de conteúdo da Agência Lupa e professora do Lupa Educação, Natália Leal.

Segundo ela, embora a educação midiática já esteja prevista na Base Nacional Curricular Comum (BNCC), a questão precisa ser trabalhada de forma interdisciplinar.

“Eu gostaria de deixar muito claro que não queremos criar uma disciplina de educação midiática para o currículo escolar. O que nós precisamos é tratar desse tema de forma institucionalizada e de forma sistemática”, disse a diretora.

Para a presidente executiva e do conselho diretor do Instituto Palavra aberta, Patrícia Blanco, qualquer projeto que discute o combate à desinformação precisa conter a importância da educação midiática e “abrir espaço” para que o assunto seja abordado nas escolas.

“É uma necessidade dos nosso tempos. A educação midiática é uma exigência para o momento atual que a gente vive. Ela já vem de uma discussão de muitos anos”, afirmou Patrícia. “Precisamos enxergá-la como uma oportunidade de resposta para o momento que a gente vive”, destacou.

A coordenadora-executiva do Projeto Credibilidade, a jornalista Angela Pimenta, ressaltou ainda a importância de se olhar também para a comunicação não verbal.

“É também muito importante considerar no âmbito da educação midiática o papel exercido pela educação não verbal. O papel dos memes, dos gifs, que é informação, mas se reveste de humor não verbal”, explicou.

Rodrigo Nejm, pós-doutor em psicologia social, afirmou ser preciso ligar a educação midiática a princípios dos direitos humanos. Ele destacou que grande parte da desinformação está baseada em conteúdos que geram discriminação e incitam o ódio.

“É indispensável na nossa avaliação conectar educação midiática com educação para os direitos humanos, educação para cidadania em sentido mais amplo, que vale também para as mídias e também para essas novas tecnologias”, disse.

Fonte: G1