A jovem Ana Paula Benatti, de 22 anos, foi surpreendida com uma carta embaixo da porta (leia a íntegra acima), enviada por um vizinho, reclamando das roupas usadas por ela no condomínio onde mora, em Iguatemi, distrito de Maringá, norte do Paraná. No texto, o morador afirmou que ela deveria se dar o respeito porque ele, “como homem e pai de família”, ficou com vergonha.
Ao G1, a jovem, que trabalha como escriturária hospitalar, contou que se sentiu muito humilhada devido às ofensas feitas por essa pessoa. O caso ocorreu na sexta-feira (7) e ela registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil na terça (11).
Ana Paula contou que se mudou para o condomínio em 1º de maio e que ainda não conheceu nenhum outro morador. Ela viu a carta, que estava dentro de um envelope preto, após chegar do trabalho, por volta de 18h.
O que diz a carta
Na carta, o morador afirmou que no local moram várias pessoas casadas e de várias religiões, por isso ela deveria “usar roupas adequadas”. Veja um trecho do texto:
Ana Paula chegou a publicar a carta nas redes sociais, afirmando estar totalmente abalada com o ocorrido.
“Quando eu li a carta pensei ‘vou fingir que não aconteceu, vou jogar fora, vou seguir minha vida’, só que depois eu pensei ‘o que eu fiz de errado?!’. A pessoa cita que não sabe da onde eu vim mas que lá não é zona, então quis insinuar que eu era uma prostituta. Eu trabalho na UTI de um hospital. Mas mesmo que eu fosse o que ele sugere, não teria direito algum de falar isso”, disse.
E ela complementou: “A minha postagem foi um desabafo, para as pessoas verem que era recente que eu tinha me mudado e a recepção foi a falta de educação, de respeito, me julgando sem nem me conhecer”.
A jovem contou que, no dia seguinte à situação, responsáveis pelo condomínio foram falar com ela.
“Me deram apoio, falaram que vão ajudar no que precisar. O síndico comentou que todos os moradores serão notificados. Na quinta, vou com o meu advogado olhar as imagens das câmeras para ver se conseguimos alguma pista do responsável. O delegado ficou com a carta como prova do crime de calúnia e difamação”, explicou ela.
‘Me senti vigiada’
Ana Paula disse que as únicas vezes que circulou pelo condomínio foi para sair de casa pelo portão, que, segundo ela, fica a cerca de cinco metros da entrada do bloco dela.
“Nas vezes que eu saí de casa foi para abrir o portão e voltar para dentro do apartamento. Fora isso, eu não tinha andado pelo pátio do condomínio ainda, não tinha conhecido o lugar. Eu acho que, para ter me visto, estava realmente cuidando da minha vida, me seguindo, porque como sabia o horário certo de colocar a carta para eu não estar em casa? Como sabia qual apartamento eu morava? Me senti perseguida, vigiada e invadida.”
A jovem afirmou ter ficado muito assustada e decepcionada com tudo o que aconteceu, mas que a ação do vizinho não vai impedi-la de se vestir como quiser.
Fonte: G1