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Inter volta a atrasar salários após três anos

Foto: Ricardo Duarte

Ainda são poucos dias, mas o Inter atrasou, pela primeira vez depois de mais de três anos, o pagamento dos salários de seus jogadores.

Os demais colaboradores do clube, inclusive aqueles que trabalham diretamente com o grupo, como os da comissão técnica, ainda não sofreram atrasos.

A informação foi divulgada pelo Rádio Guaíba e confirmada pelo Correio do Povo. A última vez que houve um atraso semelhante – naquele caso, bem maior – foi entre o final de 2016 e o começo de 2017, quando o Inter foi rebaixado para a Série B.

A promessa da direção é atualizar o pagamento de todos os jogadores até o final da semana, conforme entram as mensalidades dos associados e o empréstimo sem juros oferecido pelo CBF aos clubes brasileiros para amenizar os efeitos da pandemia.

Ao Inter, a entidade deve repassar cerca de R$ 7 milhões, dinheiro que será descontado das cotas de televisionamento das competições organizadas pela CBF em 2020 e 2021.

Se a previsão de quitação dos salários feita pela diretoria se confirmar, o atraso será de apenas duas semanas. Porém, essa primeira falta é um dos sinais do recrudescimento da crise financeira vivida pelo clube, principalmente após a paralisação do futebol, há 101 dias.

O Inter jogou a sua última partida em 15 de março. Venceu o São José, no estádio Passo D’Areia já sem público, por 4 a 1. De lá para cá, os jogadores vivem uma rotina de poucos e limitados treinos, sem jogos.

Sem as cotas de televisão, as rendas dos jogos e as premiações por participação nas competições, principalmente a Libertadores e a Copa do Brasil, o clube subsiste, basicamente, dos associados que mantêm o pagamento de suas mensalidades em dia.

Entretanto, os cerca de R$ 6 milhões ou R$ 7 milhões que entram do quadro social não são suficientes para pagar sequer as folhas de pagamento dos jogadores e colaboradores.

O Inter fechou abril com R$ 51,2 milhões de déficit. Porém, em abril, os sintomas mais agudos da crise ainda não eram tão visíveis.

De lá para cá, os problemas se avolumaram, apesar do esforço dos dirigentes para conter as despesas – inclusive com a demissão de 44 funcionários no início de maio.

Os próprios jogadores deram a sua parcela de sacrifício ao aceitarem uma redução de 25% dos salários por três meses e a prorrogação, até 2021, do pagamento de período idêntico dos direitos de imagem.

Segundo o 2º vice-presidente do clube, Alexandre Chaves Barcellos, o grupo de jogadores compreende a situação do clube e percebe que a crise não se restringe ao Inter.

Segundo ele, há uma relação de confiança entre os atletas e os dirigentes, construída desde a campanha que trouxe o Inter de volta da segunda divisão, há três anos.

“Conseguimos construir uma relação de credibilidade com o grupo que não vem de hoje, mas de 2017. O Inter estava na Série B, cheio de problemas e com vários meses de atraso nos salários, mas fizemos uma repactuação, conseguimos cumprir e readquirir a confiança do grupo. A pandemia trouxe uma realidade até mais grave que a anterior, mas vamos superar mais esse problema”, afirmou Barcellos nesta semana.

Fonte: Correio do Povo