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Há pessoas que são como algumas frutas, vão do verde direto para o podre, sem passar pelo maduro | Coluna Era Sol que me Faltavalt

Coluna Era Sol Que Me Faltava - Foto: Solange Kappes/ Barriga Verde Notícias

De minha parte, muitas linhas já foram empreendidas para apontar o que a maturidade não é, e, honestamente, afirmar o que ela é ou representa é tarefa consideravelmente mais difícil. Oswald de Andrade disse sobre o modernismo: “Não sabemos o que queremos, mas sabemos o que não queremos”. Nietzsche disse sobre si: “Não sei o que quero me tornar, mas sei muito bem o que não quero me tornar”. Até Renato Russo cantou: “Acho que não sei quem sou, só sei do que não gosto”. Algumas coisas são um tanto indefiníveis e, portanto, torna-se absolutamente mais fácil apontar aquilo que elas não são. Assim também é a maturidade.

Hoje, rendo-me a escrever em tópicos e, quero recordá-los, de que as inspirações para os temas e conteúdos advém da prática do consultório e das vidas riquíssimas de meus pacientes.

  1. Maturidade me parece ter a ver com uma boa relação com o tempo. Ou seja, quando se é capaz de organiza-lo e fruí-lo com poucos desperdícios e de modo a contribuir com a finalidade das atividades do cotidiano.
  2. Pensar e ponderar atitudes, de modo que, submetidas ao crivo do tempo (Ou a pergunta: Minha mãe se envergonharia de mim se soubesse disso? rs), ainda condigam com nossos valores.
  3. Para começar a relativizar: Não ter valores e princípios tão sólidos. Ser capaz de reavaliar, coloca-los sob perspectiva e, se necessário, criar novos.
  4. Desenvolver certa capacidade de gerir afetos, emoções e sentimentos. Diminuindo a necessidade de expô-los.
  5. Sentir-se, minimamente, desconfortável com sentimentalismos exacerbados, com vitimismos e com comoções públicas. Juntamente com atribuir valor à privacidade e ao sigilo.
  6. Ser capaz de conversar mesmo quando as opiniões forem muito divergentes.
  7. Desprender-se da necessidade de ser apoiado, compreendido, reconhecido e admirado.
  8. Libertar-se, progressivamente, das amarras causadas pelos julgamentos, próprios e alheios.
  9. Aceitar a ausência de uma felicidade constante e compreender a extrema naturalidade da dor, do sofrimento e da falta de sentido.
  10. Conceder à própria história o lugar que lhe é devido.
  11. Ser capaz de tomar decisões e fazer escolhas sabendo da inevitabilidade dos riscos e negociando com as próprias inseguranças.

Por favor, não façam disso um checklist, isso não seria maduro. Muito menos considerem uma verdade absoluta. E, se quiserem, complementem com suas percepções e pensamentos.

Solange Kappes
Psicóloga CRP 12/15087
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