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Faz diferença? Profissionais analisam a importância dos técnicos nos treinos durante a pandemia

Montagem sobre fotos de divulgação Lucas Uebel ,Grêmio e Ricardo Duarte, Inter

Depois de ser fotografado na praia de Ipanema no último domingo (21), o técnico Renato Portaluppi justificou ao repórter Eduardo Gabardo sua ausência dos treinos do Grêmio, em Porto Alegre.

Segundo ele, além da recomendação médica para que permanecesse isolado no Rio de Janeiro, o retorno ao CT Luiz Carvalho só se dará depois que a equipe for autorizada a começar os treinamentos coletivos.

Do lado colorado, o argentino Eduardo Coudet se faz presente. A participação do argentino, inclusive, orientado os trabalhos com bola, de finalizações e passes, motivou o colunista David Coimbra a sentenciar que o Inter voltará melhor que o rival na retomada das competições.

GaúchaZH consultou três profissionais do futebol para saber sobre a importância da presença do treinador em momentos como este, onde as atividades estão muito limitadas, e mais voltadas à parte física.

Jogador de Grêmio e Inter nos anos 1990, Arilson é um dos que vê com um tom mais crítico a ausência da figura central da comissão técnica. Atuando como treinador desde 2018, o ex-meia trabalhou no Bagé no primeiro semestre deste ano.

— Eu sou fã do Renato, tanto como jogador ou como treinador. Nunca escondi isso de ninguém. Mas acho que a presença do técnico é fundamental no dia a dia. Óbvio que tem o auxiliar e o preparador físico, mas o atleta se sente mais valorizado com a presença do treinador. Se ele (Renato) não está presente por uma questão médica, é para sentar e conversar — avalia.

Já o preparador físico Márcio Corrêa, que passou pelo Estádio Olímpico no início dos anos 2000 e atualmente está no Oeste-SP, analisa como uma questão complexa que deve ser vista de maneira mais ampla.

— Cada profissional tem uma metodologia, e as duas podem funcionar. Ninguém está certo ou errado. Existem casos em que o preparador assume a primeira posição e não há a necessidade da presença do treinador, porque não tem formatação tática em campo. Aqui no Oeste, onde estou há um ano e seis meses, o treinador não está intervindo. Ele tem diálogo com os jogadores, mas nada voltado para o jogo, até porque não há data para o retorno da competição. Então, não dá para julgar se isso é negativo ou positivo — argumenta

Corrêa, aliás, elogia o auxiliar técnico de Renato, Alexandre Mendes, que vem comandando os trabalhos no Tricolor.

— É competentíssimo e conhece o modelo de jogo porque está com o Renato há muito tempo. Temos que parar com essa dependência do treinador exclusivamente dando as cartas. Ele é o chefe, claro, mas a composição do trabalho é muito importante também — referenda.

Na mesma linha de raciocínio está o ex-treinador do São José, Rafael Jacques. O ex-centroavante ainda vai além ao concluir que não se pode comparar os contextos vividos pelo Grêmio, que repete o mesmo treinador há várias temporadas, e o Inter, que passou a ser comandado por um novo profissional neste ano.

— É sempre importante a participação de todos, mas neste caso específico, o nível de relação do Renato com o clube, comissão técnica e jogadores é tão alto que, neste período de pandemia, é totalmente compreensível e aceitável sua ausência. Ainda mais sem fazer trabalhos táticos. Renato tem um trabalho de mais três anos. Se formos comparar a dupla Gre-Nal, o cenário é completamente diferente. Uma comissão técnica está há três anos e a outra chegou há pouco e teve seu trabalho interrompido. São cenários bem distintos. E eles são muito inteligentes e capazes de tratar da melhor forma. Se fosse prejudicar os times, eles não fariam. Pode ter certeza disso — sinaliza o profissional.

Fonte: GaucháZH