Marte tem duas pequenas luas de aparência semelhantes às órbitas, e elas podem indicar que o planeta vermelho já teve anéis, como alguns dos maiores planetas do nosso sistema solar.
As duas luas irregulares, Phobos e Deimos, foram descobertas em 1877 e receberam o nome dos filhos de Ares da mitologia grega. Phobos significa medo ou pânico e Deimos significa pavor.
Há muito se pensava que elas eram na verdade asteroides capturados pela gravidade do planeta. Mas os cientistas perceberam que as luas estão quase no mesmo plano que o equador marciano. Isso sugere que elas se formaram na mesma época que Marte formou-se, cerca de 4,5 bilhões de anos atrás.
“O fato de a órbita de Deimos não estar exatamente no plano do equador de Marte foi considerado sem importância, e ninguém fez questão de tentar explicá-la”, disse Matija Cuk, principal autor do estudo e cientista do Instituto SETI. “Mas uma vez que tivemos a brilhante ideia de a olhamos com novos olhos, a inclinação orbital de Deimos revelou seu grande segredo”.
As descobertas foram apresentadas durante a 236ª Reunião da Sociedade Astronômica Americana, que está sendo realizada nesta semana virtualmente, por causa da pandemia de coronavírus.
O que pode acontecer com as luas de Marte?
Os pesquisadores analisaram Phobos, que perde altura à medida que interage com a gravidade marciana ao longo do tempo. Eventualmente, sua órbita será muito baixa e Marte irá essencialmente rasgá-la em pedaços que formam um anel ao redor do planeta. Estima-se que isso aconteça dentro de 50 milhões de anos.
E se Marte já possuía outras luas que tiveram o mesmo destino? Com o tempo, os anéis formariam novas luas menores em um ciclo aparentemente interminável. Algo afastou Deimos do planeta e o fez inclinar – como interagir com outra lua maior.
Phobos, um pouco maior que Deimos, fica a apenas 3.700 milhas acima da superfície marciana – nenhuma lua conhecida em nosso sistema solar está mais próxima de seu planeta. Estando tão perto, Phobos completa três órbitas ao redor de Marte em um dia terrestre, enquanto Deimos, que está mais distante, leva cerca de 30 horas terrestres para completar uma órbita.
Mas e se Phobos nem sempre fosse, digamos, Phobos? E se ele fosse muito maior e passasse por alguns ciclos, de uma lua para um anel, ida e volta?
Os pesquisadores acreditam que Phobos já teve um ‘avô’ há 3 bilhões de anos, que eles chamaram proto-Phobos – provavelmente 20 vezes mais massivo do que a pequena lua agora. Ao longo de alguns ciclos de anéis da lua, tornou-se Phobos – o que explicaria por que alguns pesquisadores acreditam que ele se formou apenas cerca de 200 milhões de anos atrás.
Um anel proeminente em torno de Marte teria empurrado proto-Phobos para fora, longe do planeta. Isso também afetaria a ressonância orbital de proto-Phobos com Deimos e o afastaria de Marte também. A agência espacial japonesa, JAXA, planeja enviar uma espaçonave para Phobos em 2024 para coletar amostras da superfície e devolvê-las à Terra. Isso pode revelar mais sobre o passado da lua.