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Escorpião mais perigoso da América Latina é encontrado em 18 bairros de Joinville

Há pelo menos quatro tipos de escorpião encontrados em Joinville, mas o escorpião-amarelo é o mais perigoso(Foto: Patrick Rodrigues/ Santa)

O escorpião-amarelo já foi encontrado em 18 bairros de Joinville e estes lugares já podem ser considerados infestados pelo animal. Ele é considerado o mais perigoso da América Latina e pode levar à morte, dependendo da quantidade de veneno injetado e se não houver atendimento médico após a picada.

Os escorpiões desta espécie não são nativos de Santa Catarina — o habitat deles é nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil — mas começaram a ser encontrados em Joinville em 2013.

— Ele veio através de uma transportadora que estava trazendo morangos em uma câmara fria. Desde então, a Vigilância Ambiental trabalhou para identificar outros locais que possam ter recebido esse tipo de carga. Encontramos uma série de locais, principalmente comerciais, que recebiam produtos de cidades que já estavam infestadas pelo escorpião — explica o médico-veterinário da Vigilância Ambiental de Joinville, Jaime de Matos Júnior.

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Em cinco anos, as ocorrências aumentaram a ponto de o animal já ter sido encontrado em 18 bairros de Joinville, mas Jaime destaca: isso não significa que ele está apenas nestes bairros, apenas que ainda não houve notificação em outros lugares.

Além disso, a Vigilância Ambiental considera que o bairro está infestado ao encontrar apenas um exemplar do escorpião-amarelo, por um motivo bem simples: esta espécie não precisa de um companheiro para reprodução, já que realiza a partenogênese. 

— Quase todos os indivíduos são fêmeas e elas já nasce com o óvulo fecundado. Em seis meses o filhote entra em idade reprodutiva e faz, durante o ano, duas gestações. A cada gestação pode nascer de 17 a 21 filhotes — detalha Jaime.

A Vigilância Ambiental de Joinville opta por não divulgar quais são os bairros onde já foram reportados casos de escorpião-amarelo. Segundo o veterinário, nos primeiros casos a serem divulgados, era comum as pessoas optarem por deixar a casa e esta perder o valor imobiliário, o que não resolve o problema.

Para Jaime, esta é uma situação que já não será mais erradicada, mas controlada pelos cuidados da população e pelo monitoramento da Secretaria de Saúde.

— O escorpião-amarelo é um dos principais causadores de mortes (entre os animais peçonhentos) no Brasil e essa é a nossa preocupação. Se a gente somar todos acidentes de animais peçonhentos que não são o escorpião, ainda assim os acidentes com escorpião tem um número maior que todos os outros somados — avalia ele.

Gráfico do Ministério da Saúde mostra em que regiões o escorpião-amarelo já é encontrado no Brasil (Foto: Ministério da Saúde)

Hábitos noturnos e alimentação à base de baratas

O escorpião-amarelo atinge até sete centímetros de comprimento e tem hábitos noturnos. Ele costuma se esconder em frestas e pode sobreviver por muito tempo sem alimentação — há relatos na literatura especializada que mostram casos de escorpiões desta espécie que viveram por 1.000 dias sem comer.  

A base da alimentação é feita por baratas — ou seja, ele se aloja em casas e terrenos onde por encontrar estes animais em abundância. Mas não é apenas onde há lixo ou matagal: o escorpião-amarelo se adaptou para viver em diferentes tipos de ambiente.

— O escorpião-amarelo mudou uma característica rural que ele tinha para uma característica urbana. Eles entram em frestas muito pequenas e tem poder de alojamento. Então, por mais que a pessoa faça uso de veneno, o que a gente não recomenda, porque isso pode trazer uma falsa sensação de controle ou de extermínio, ele fica escondido até sentir que é seguro circular novamente — diz Jaime.

Quando a Vigilância Ambiental é acionada por um morador que encontrou um escorpião-amarelo em casa ou na empresa, a primeira visita é feita durante o dia, para verificar o ambiente. Nas visitas seguintes, é normal que os agentes, coordenados pelo biólogo Aílton Santana Benevenutti, realizem as vistorias à noite, usando uma luz ultravioleta que faz com que o animal fique fosforescente quando a luz bate nele, facilitando a captura. 

Para evitar a propagação dos escorpiões em casa, é importante fechar acessos — como instalar veda frestas embaixo das portas — e evitar, por exemplo, que a roupa de cama encoste no chão. Ela pode funcionar como “ponte” para o escorpião subir na cama à noite. Também é importante sempre verificar roupas e calçados antes de serem vestidos.

— Ele não é um animal agressivo. O escorpião pica como auto defesa, porque foi pressionado, por exemplo — esclarece o veterinário.

O que fazer se for picado por escorpião:

A picada de escorpião-amarelo dói muito e, nem sempre, a pessoa consegue saber o que a picou. No entanto, a dor não pode ser ignorada: é importante lavar o local com água e sabão e não passar mais nada no local. Depois, se dirigir a um dos hospitais de referência na cidade. Pessoas que tem uma hipersensibilidade maior ou um peso menor são mais sucetíveis ao veneno e a ter uma resposta mais exacerbada, que pode levar à morte, em alguns casos.

Se um adulto foi picado, deve ir ao Hospital São José ou ao Hospital Regional Hans Dieter Schmitd. Se for uma criança ou adolescente, o local de referência é o Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria.  

A equipe médica realiza uma avaliação para saber se é necessário entrar com um soro antiescorpionico ou apenas realizar o monitoramente, com aplicação de anti histamínico e anestésico. Nenhum óbito foi registrado até agora na cidade.

— As equipes nesses hospitais, junto com o Centro de Informações Toxicológicas (Ceatox) em Florianópolis, conseguem identificar o provável animal peçonhento que provocou o acidente. Obviamente que, se conseguir fazer a captura e levar o animal junto, isso auxilia no processo todo, no tratamento — explica Jaime.

Após a picada do escorpião-amarelo, pode ocorrer:

– Perda do tônus, que começa a irradiar para o resto do corpo;

– Aumento ou diminuição da frequência cardíaca — a reação é diferente para cada pessoa;

– Edema pulmonar;

– Choque anafilático.

Fonte: NSC