O jovem questiona: “estes números que estão sendo contabilizados no Brasil inteiro, considerados como curados, será que de fato estão curados?”
Após 14 dias de isolamento domiciliar e o tratamento com medicamentos orientados pelos órgãos de saúde, segundo o Ministério da Saúde o paciente infectado com Covid-19 estaria curado e liberado para exercer suas atividades, desde que siga as orientações sanitárias.
Contudo, esse prazo pode ser insuficiente. A exemplo de “Caio”, enfermeiro de Chapecó cujo nome verdadeiro vamos ocultar para preservar o anonimato da fonte.
No dia 27 de abril, Caio apresentou sintomas, mas pensou que não estivesse infectado. No dia seguinte, o quadro se agravou e ele procurou uma Unidade de Saúde no município de Chapecó. O paciente realizou todo o procedimento corretamente e testou positivo para a Covid-19.
Superado os 14 dias, preocupado com os sintomas que ainda apresentava, Caio entrou em contato com o atendimento online de sua Unidade de Saúde. A resposta foi a seguinte:
“Não faz outro teste tá? Para saber se está curado ou não. A orientação que a gente tem é que após os 14 dias não têm mais contágio.”
Essa orientação mencionada é do Ministério da Saúde, em que pessoas que tiveram teste positivo para o novo coronavírus e ficaram 14 dias isoladas podem sair do isolamento após esse período.
No entanto, como Caio é enfermeiro e atua no setor privado de saúde, a empresa condicionou o seu retorno ao trabalho à apresentação de outro exame com resultado negativo.
Caio fez a coleta para um novo exame, pago pela empresa, e no dia 11 de maio, a surpresa: o teste continuava positivo para a Covid-19.
“É assustador receber este diagnóstico levando em consideração que se tem uma pandemia mundial, com muitos casos de morte. Também o número de leitos de UTI no município e por ser uma doença nova que praticamente não se sabe muito. Não se tem muitas certezas”, destaca o trabalhador.
Novamente procurou a Unidade de Saúde, para compreender a situação. Segundo ele, houve dificuldade em receber respostas. Após conversa com Vigilância Epidemiológica e a Secretaria da Saúde, decidiram prorrogar o atestado por mais alguns dias. O prazo terminou neste domingo (31).
A segunda confirmação leva a reflexão sobre pessoas que testaram positivo para a doença e após os 14 dias, retornaram suas atividades. Esse questionamento foi algo que o próprio Caio levantou.
“Isso me deixou com muitas dúvidas e angústias em relação às informações repassadas. Era uma das poucas certezas que se tinha. Ao seguir as medidas as pessoas estariam curadas”, afirma.
Os pais do jovem também foram orientados a permanecer no isolamento, seguindo orientações do Ministério da Saúde.
A família de Caio assinou os termos de isolamento domiciliar e em caso de aparecimento de sintomas, deveriam procurar atendimento. Mas não foram realizados testes iniciais.
Segundo a diretora técnica da Comissão de Respostas ao Coronavírus, Aldarice Pereira da Fonseca, em entrevista coletiva da Prefeitura de Chapecó, transmitida na sexta-feira (22) de maio, o paciente que superar os 14 dias de isolamento recomendados, mais 72 horas, poderá ser liberado a voltar às atividades.
“Acredito que o caso deste servidor da saúde, a gente tem que avaliar cada caso. Provavelmente deve ter sido feito um teste PCR no início que foi positivo e ficou afastado por 14 dias. Se estava assintomático poderia estar retornando com segurança”, explica.
Ainda na ocasião, Aldarice se colocou à disposição da imprensa para compreender o caso. Logo após o encerramento da transmissão ao vivo, a redação do Barriga Verde Notícias reencaminhou um e-mail solicitando contato direto com a médica, Aldarice, mas não obteve resposta.
De acordo com Boletim Estratégico publicado na quinta-feira (21) de maio, há relatórios que indicam que pacientes sem sintomas podem transmitir o vírus. Ou seja, registrar um paciente como recuperado da doença, no momento em que ele deixa de apresentar sintomas, pode ser incoerente.
Conforme a recomendação da Organização Mundial da Saúde, indicada também no documento, os pacientes podem ser liberados, e consequentemente considerados recuperados, apenas após a realização de dois testes. Ambos devem apresentar resultados negativos.
São poucos estudos e muitas incertezas. A situação é complexa e de fato, atípica. Os números podem não ser condizentes com a realidade.
Tendo em vista o término dos mais 14 dias de isolamento domiciliar, Caio, solicitou a realização de mais um exame. De acordo com ele, houve resistência por parte da unidade de saúde. Por fim, encaminharam. Caio realizou o teste e desta vez, o resultado foi negativo.
O que os pacientes assintomáticos representam na pandemia
De acordo com um estudo publicado no mês de março deste ano, na revista Science, pessoas assintomáticas com Covid-19 representam dois terços do total de casos confirmados.
Conforme a pesquisa, os pacientes que desenvolvem a doença, são duas vezes mais contagiosos daqueles que não apresentam sintomas. No entanto, propõe-se que os assintomáticos representam números seis vezes maiores. Mesmo com a propensão menor de transmitir o vírus, é considerado o motor da pandemia.
Nesses aspectos as medidas de distanciamento social são tidas como as mais importantes. Além disso, seguir todos os cuidados de higiene e proteção orientados.
Fonte: Barriga Verde
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