O dólar abriu em alta nesta segunda-feira (11), voltando a se aproximar de R$ 5,80, com renovadas preocupações com o avanço da pandemia de coronavírus e o impacto na atividade econômica mundial e brasileira, além da permanência das incertezas no campo político brasileiro.
Às 10h32, a moeda norte-americana subia 0,97%, cotada a R$ 5,7983. Na máxima até o momento chegou a R$ 5,8038.
Na sexta-feira, o dólar fechou em queda de 1,76%, cotado a R$ 5,7428, acumulando alta de 5,57% na semana e no mês. No ano, o avanço chegou a 43,22%. A cotação recorde nominal (sem considerar inflação) no ano foi registrada na última quinta-feira (7), quando a divisa encerrou o dia a R$ 5,8459.
Cenário externo
A semana começa com viés negativo nos mercados internacionais, com os investidores adotando a cautela sobre uma segunda onda de infecções por coronavírus conforme vários países reabrem suas economias.
As principais bolsas da Europa e o barril de petróleo operam em queda nesta segunda.
Possíveis sinais de uma segunda onda de infecções por coronavírus preocuparam os investidores após o registro em Wuhan, epicentro da doença na China, do primeiro grupo de novos casos desde o fim da quarentena na região há um mês.
Novas infecções também aceleraram na Alemanha, dias após o relaxamento das medidas de isolamento social, levantando temores de que a pandemia possa sair novamente do controle. A Coreia do Sul também alertou sobre uma segunda onda do vírus no domingo.
“Isso pode não evitar o retorno das atividades em algumas localidades do hemisfério norte, porém dá o sinal de que o tratamento vacinal continua a única solução crível para o vírus no curto prazo, e, enquanto isso não acontecer, o ‘vai e vem’ pode ser mais constante”, avaliou em nota a Infinity Asset.
O que explica a alta recente
A alta do dólar nos últimos dias ocorre diante de um intenso desconforto no mercado local de câmbio ditado pela combinação entre juros cada vez mais baixos, economia em colapso e persistentes incertezas do lado político.
Bolsonaro afirmou na semana passada que vai vetar parte do projeto de auxílio aos Estados aprovado pela Congresso que excluiu algumas categorias de servidores de regra de congelamento salarial, atendendo a recomendação do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Antes dos mais recentes ruídos políticos, o câmbio já vinha se depreciando, sob pressão da queda constante dos diferenciais de juros entre o Brasil e o mundo. O Copom não apenas cortou a Selic além da magnitude de 0,50 ponto esperada por ampla parte do mercado como indicou possibilidade de outra flexibilização monetária nesse tamanho na próxima reunião do colegiado, nos dias 16 e 17 de junho. O juro básico caiu para 3%, nova mínima histórica.
Juros ainda mais baixos reduzem o diferencial de taxas entre o Brasil e o mundo, o que prejudica a competitividade do país em termos de atração de capital ávido por retornos, num momento em que mercados emergentes de forma geral sofrem fortes saídas de recursos por causa da crise do Covid-19.
De acordo com boletim Focus do Banco Central divulgado nesta segunda, o mercado financeiro passou a projetar retração de 4,11% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2020. Essa foi a 13ª semana seguida de revisão para baixo do indicador.
Já a previsão dos analistas para a taxa de câmbio no fim de 2020 permaneceu estável em R$ 5. Para o fechamento de 2021, subiu de R$ 4,75 por dólar para R$ 4,83 por dólar.
Fonte: g1.globo.com