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Distanciamento social: como manter vínculos afetivos com as crianças?

Foto: Ana Tablas

Distanciamento social. Esta é a orientação estabelecida para os últimos meses, sem data para acabar. Muitas coisas mudaram, inclusive a forma como nos relacionamos com as pessoas que amamos – o contato físico teve de ser substituído por conversas a distância. A compreensão dessa nova realidade é difícil para a maioria de nós, que temos a clareza do que tem de ser feito para o “bem maior”. Mas e as crianças? Como fazer com que as conexões emocionais sejam mantidas, mesmo de longe?

Nossos vínculos afetivos iniciam antes mesmo de nascermos, na barriga de nossas mães. Após o nascimento não é diferente, os bebês se vinculam com aquelas pessoas que estão ligadas afetivamente com elas. “É muito natural as pessoas mudarem o tom de voz quando conversam com os bebês, que recebem bem essa voz e respondem rapidamente a estes estímulos. Isso já é um processo bem importante de vínculo e o início da construção de um apego seguro, que é fundamental para o bom desenvolvimento psíquico de uma criança”, afirma a psicóloga Cristiane Flôres Bortoncello.

Entendendo os vínculos

As crianças têm em média até os dois anos de idade para estabelecer o apego com pais, familiares e todos aqueles com quem têm proximidade. Conforme explica Cristiane, ele é dividido em processos:

Estratégias para manter os vínculos

Para as crianças, é mais difícil do que para os demais estar afastado de quem se tem afeto. Cristiane explica que o protesto da criança diante da falta do cuidador demonstra que ela percebe quando ele não está, e por isso busca recursos internos para dar conta deste afastamento. “É muito saudável esse protesto, para que a aliança entre o cuidador e a criança se restabeleça. Nesse sentido, o distanciamento pode prejudicar, caso osfamiliares fiquem sem nenhum contato com a criança, nem mesmo via chamadas de vídeo, pois a ela fica com a perda e sem a compreensão do que aconteceu”, esclare ce.

As crianças, principalmente as de menor idade, não têm o mesmo discernimento e compreensão dos adultos com relação às chamadas de vídeo, por exemplo. Porém, é cada vez mais comum o uso da tecnologia por este público, o que faz com que elas estejam cada vez mais familiarizadas com os materiais tecnológicos. “Acredito que muitas famílias já faziam o uso de chamadas por vídeo para conversar entre si e suas crianças e essa ampliação só traz novos aprendizados para a criança.

É preciso explicar à criança, que neste momento as coisas estão desta forma e que assim que possível, todos vão se reencontrar. As crianças também podem fazer cartinhas ou desenhos para as pessoas da qual tem saudade, isso ajuda muito a elaborar essa emoção e diminuir a ansiedade”, indica Cristiane. “O mais importante é conversar e falar com clareza e objetividade o que está acontecendo”, reforça.

Restabelecendo a conexão

Apesar da dificuldade que o momento traz, a psicóloga alerta que caso sejam perdidos, os vínculos afetivos podem ser recuperados, quando toda a situação passar. “Muitas pessoas têm históricos anteriores de abandono e sofrimento.

Não quer dizer que seja um processo fácil, pois algo que deveria ter sido construído no início se perdeu, mas falar de coração para coração é sempre uma bela forma de restabelecer os vínculos ou fazer novos vínculos afetivos. Se for uma criança, pergunte o que ela gostaria de receber de você, ou o que você poderia fazer para ela sentir-se amada por você”, indica.

“As pessoas também precisam aprender a dar aquilo que o outro gostaria de receber e não o que a gente pensou que seria o melhor, então a melhor estratégia é a comunicação com amor”, finaliza.

Fonte: Correio do Povo