A gente vai embora. Da vida nada se leva. Nascemos pelados e vamos embora da mesma forma. Com roupas que alguém nos vestiu e não escolhemos.
Por que falar disso? Há poucos dias faleceu o pai de um amigo meu, e só fiquei sabendo dois dias depois. Gostaria de ter comparecido para ao menos rezar um pouco em frente ao seu caixão. É dessa forma que sempre me despeço de quem conheço, mas não tenho muita familiaridade. Consola-se os parentes.
Meu pai vai fazer 95 anos em agosto. É quase um século de vida. Quanta experiência, quantas coisas diferentes não viveu uma pessoa com essa idade? Alguém que valorizou e viveu intensamente todos os momentos de sua vida.
Por que falar disso? É que hoje houve um acidente em frente ao local onde trabalho, a polícia estava perseguindo um motoqueiro, o jovem bateu numa árvore e morreu. Há uma convicção entre jovens de comunidades pobres de que vale a pena correr riscos, não se preocupando nada com as consequências de atitudes ilícitas, e de que o importante é viver a vida de forma intensa, mesmo que seja às custas de comprometer valores sociais, pensando apenas em si, no dinheiro obtido com suas iniciativas ilegais. Qual o custo para a sociedade resultante dessas decisões errôneas, e que afetam principalmente o poder público?
Como mudaram os tempos. Valorizava-se a vida, e ainda é uma benção as pessoas avançarem na idade, ultrapassando limites. O difícil é aceitar aqueles que ousam enfrentar o sistema, responsabilizando outros por seu fracasso e pobreza, levando a vida como se ela nada valesse. Você pode alcançar e ser o que você quiser se fizer as escolhas certas. Estas dependem sempre da gente, não dá para culpar os outros ou o sistema.
Uns vivem a velhice de forma amável, levando sua experiência aos familiares mais jovens, outros, jovens na idade querem correr o risco de viver pouco tempo, mas de forma intensa, com adrenalina. Prefiro o exemplo dos velhos, e torço para que vivam ainda muitos anos.
Odair Balen
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