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Coluna: Era Sol que me faltava

Solidão ou Liberdade?

Comecei a escrever e apaguei inúmeras vezes tentando me convencer de que haveria normalidade nisso, afinal, não é todo dia que um espaço de comunicação nos é dado. Decidi iniciar pelo que considero o princípio, me apresentar pra vocês. Meu nome é Solange Kappes, mais conhecida como Sol.

Sou natural do interior de Mondaí/SC, fato que me orgulha muito em razão da simplicidade da origem familiar. Sou graduada em Psicologia pela Unochapecó e pretendo, através deste espaço, compartilhar com os leitores conteúdos da minha formação, aplicados à realidade e ressaltando a vida como ela é. 

Isto posto, vamos ao texto. Vivemos um momento bastante singular em que enfrentamos uma pandemia de nível mundial; me parece que, de forma geral, estamos cansados do assunto, e de fato não quero me aprofundar nele, no entanto, a medida de isolamento social, adotada como forma de prevenção à propagação do vírus, tem provocado impactos na saúde mental dos sujeitos.

Dessa forma, quero escrever sobre a solidão, que tanto tem entrado em evidência. Temos acompanhado constantes demonstrações de sofrimento por parte das pessoas que tem tido a experiência de ficar sozinhas ou isoladas, resultando inclusive em atitudes de total falta de bom senso.

Em um sentido psicológico, por diversas vezes me questionei, por que as pessoas sofrem na solidão? Produzi algumas leituras sobre e encontrei excelentes esclarecimentos em Cristopher Lasch (Historiador Americano) e Zygmunt Bauman (Sociólogo Polonês).

Ambos sinalizam que há uma forte influência da forma de transmissão cultural na contemporaneidade, além da liquidez dos vínculos, da sociedade de mercado organizada a partir do princípio da produção de desejo constante e, também é claro, das mídias sociais.

De modo que, ao nos alcançarem, essas influências nos oferecem e nos empurram a (con)viver com imagens (aparências) e extremamente preocupados com a impressão que causamos nos outros. Ou seja, somos sujeitos em busca de aprovação constante, e quando se vive em favor da aprovação dos alheios é quase que natural que isto resulte em um vazio interior.

Pronto, aqui chegamos na razão pela qual a solidão tem provocado medo, angústia e sofrimento. Estamos nos deparando e entrando em contato com nosso vazio interior, com a sensação de falta de sentido ou capacidade de significação do momento que estamos vivendo.

Retirando-nos do convívio, percebemos o quanto estamos enfraquecidos na autossuficiência, e de tal forma que dependemos do Estado ou de terceiros para que nossa vida flua. Para não finalizar o texto de forma pessimista, penso que o potencial que há na solidão é explorar-se e colocar em questão e avaliação o que até então estávamos considerando como valor para nossa vida.

Há na tragédia, no sentido filosófico da palavra, um potencial de tomada de consciência e de recuo da arrogância e ignorância. Nos faz compreender que algumas vivências são destinos e sobre elas em si, temos pouca ou nenhuma ação, mas sobre nós mesmos sempre poderemos ter, afinal, a vida não nos escraviza. Pronto, hoje é isso, preciso ir, a sopa está esfriando.

Caloroso cumprimento e até semana que vem!

Solange Kappes
Psicóloga CRP 12/15087