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Coluna | Era Sol que me faltava | Um mundo de despreparados para a vida como ela é: Os imaturos!

Coluna era sol que me faltava - Foto: Solange Kappes/ Barriga Verde Notícias

Um mundo de despreparados para a vida como ela é: Os imaturos!

Ofendidos, ressentidos, mimados e imaturos. Possivelmente é dessa forma que seremos vistos pelas gerações futuras. Somado, talvez, ao fato anunciado por Nelson Rodrigues e também pelo professor Luiz Felipe Pondé, de que a moral pública é demarcada por um alto grau de hipocrisia. Ao pensarmos sobre a (i)maturidade, percebemos que nunca houve um desprezo tão grande pelo envelhecimento, desprezo que alcança patamares de desespero (acompanhe o aumento progressivo das clínicas estéticas e farmácias na sua cidade). Como se o tempo, as experiências e vivências deixassem de ser condição de maturidade, de forma que acabamos por considerar mais o que um jovem chorão e ansioso fala em detrimento da fala dos velhos.

Conseguem sentir a hipocrisia? a maturidade de postura e comportamento quer ser anunciada independente do envelhecimento. O desejo é jamais envelhecer, mas como isto é inexorável, nos propomos a um desprendimento financeiro a fim de comprar a aparência jovem. Ao mesmo tempo em que, queremos nos sentir suficientemente maduros para oferecerregras de comportamento e opiniões sobre o mundo desde cedo.

Adultos imaturos, para além dos 30 anos, são frequentes em todos os tipos de consultórios. Quando a questão é psicológica, a imaturidade se mostra através de algumas características como: Fazer somente aquilo que se tem vontade e não aquilo que precisa ser feito. Isto gera uma série de problemas, como a falta de entendimento sobre o fato de que o mundo não serve e muito menos deve algo à nós, faz perder a noção de que, na vida, precisamos trabalhar, esforçar e merecer o que temos.

Também é sinal de imaturidade a falta de responsabilização sobre a própria vida, uma entrega da autonomia através da terceirização de decisões. A fuga de situações pelo medo do fracasso, aqui também há uma boa dose de hipocrisia, na medida em que jamais nos consideramos tão tolerantes e evoluídos, mas quando o assunto é fracasso, sofrimento e dor, a resistência é ínfima, quando existe. Dificuldade em explicar e esclarecer os sentimentos, especialmente por uma imposição de agradar aos outros, ancorando suas dificuldades sob o pretexto de psicopatologias como a ansiedade e a depressão. Ansiedade e imaturidade tem a mesma origem, são filhas da mesma mãe.

Adultos imaturos também não buscam o desenvolvimento profissional e tem dificuldade em assumir sua vida financeira. Correm ao socorro dos pais que são vistos como cofrinhos que devem alguma coisa. Adoram colocar-se em posição de vítima, anunciando o próprio sofrimento e culpando os familiares por suas limitações.

Maturidade, sobretudo está relacionada a capacidade de enfrentar e superar as dificuldades naturais da vida. Está, também, na compreensão da inevitabilidade das dores, dos sofrimentos, das perdas e dos términos.  Na capacidade de reconhecer a processualidadedos acontecimentos, na temporalidade, na persistência ante aos desafios, na aceitação dos sentimentos negativos e de toda dimensão dolorosa de viver. Inclusive, na capacidade de dispensar a necessidade de ser apoiado e aprovado o tempo todo. Está (a maturidade), sobretudo, no abandono da ideia de um projeto de vida feliz.

Por fim, imaturidade não é um quadro ou uma patologia, é um fenômeno, todos somos imaturos, todos precisamos de vivências e experiências que nos provoquem à sair dela. Ou jamais teremos relações satisfatórias, afinal, é um tédio conviver com adultos infantilizados.

Solange Kappes
Psicóloga CRP 12/15087
E-mail: psicologasolangekappes@gmail.com
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