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Coluna | Era sol que me faltava | Como alcançar a felicidade?

Coluna era sol que me faltava - Foto: Solange Kappes/ Barriga Verde Notícias


Como alcançar a felicidade?

Firme na cruzada contra um otimismo exacerbado e o pensamento positivo ingênuo,
hoje vamos conversar sobre a misteriosa, porém real, relação entre dor, esforço e a felicidade; sobre o vínculo entre o difícil e o válido. Parece absurdo? Mas não é, acompanhem. Estamos habituados a relacionar a experiência da alegria e da felicidade com o prazer, o gozo, a fruição, o confortável e o cômodo. Pensar e agir dessa forma torna-se perigoso, faz com que dissociemos a felicidade do esforço, da disciplina e da dor. Nos afastamos do sofrimento e assim, sem que percebamos, nos afastamos também da possibilidade da felicidade.

Convenhamos, acessar bens ou ganhos com muita facilidade, sem luta, sem esforço ou
dedicação, faz com que a “conquista” não tenha valor, consequentemente não nos
humanizamos. Vitórias fáceis não tem o mesmo sabor do que aquelas improváveis em que
houveram intercorrências. Poder e ter tudo disponível e acessível o tempo todo é vazio de
sentido, ou seja, é muito de nada. Somos seres extremamente limitados, vulneráveis, frágeis, e atravessamos imensas dificuldades para existir, assim como temos necessidades das mais  diversas, é no reconhecimento disto que reside a grandeza. O esforço é o que nos direciona  para o sublime. Sentir e experimentar felicidade é sim possível mas implica custos e se faz no desconforto. Em miúdos, a felicidade é, e precisa ser, exigente, merecida, conquistada.

Sendo a felicidade uma experiência de sentimento, é bastante incerto e inseguro
buscar as respostas para a vida nela. Isto necessariamente implica em um movimento interior, em avaliar a forma como nos colocamos no mundo, na vida, na relação com as pessoas e, especialmente em como enfrentamos as adversidades do percurso. Não se pode cortar o elo que vincula a felicidade à dor. Agora, pensar que ela se dá tão somente em uma relação entre a dor e o prazer, como se fosse puramente um estado do sentir, é um grande equívoco. Por esta razão é que não se pode dizer que felicidade é apenas uma questão de sentir, porque vai muito além, alcança a necessidade de desenvolver valores para a vida e buscar a virtude.

Para não deixar de lado a reflexão filosófica e psicológica considerem que, temos a
necessidade de produzir sentido para nossa vida através de experiências que joguem com os nossos sentimentos. Assim, nos utilizamos de meios éticos, estéticos e metafísicos, o que em Platão corresponderia ao justo, belo e bom, respectivamente. Se orientarmos nossas ações para que sejam justas, belas e boas, a chance de sentirmo-nos felizes será maior.

Você deve conhecer algum mimado que, pouco ou nada precisou esforçar-se na vida,
que acessa o que deseja com facilidade. Nossa, são pessoas de uma infelicidade gritante, de um vazio colossal e, geralmente insuportáveis na convivência com os demais. Último adendo, esperar pela felicidade ininterrupta é uma ideia infantil, ela se ausenta e é necessário que assim seja, caso contrário, jamais saberíamos que a experimentamos. E não se preocupe em procurar situações de desconforto ou dor, elas acontecerão inevitavelmente.

Caloroso cumprimento e até semana que vem!

Solange Kappes
Psicóloga CRP 12/15087
E-mail: psicologasolangekappes@gmail.com
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