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Coluna | Era Sol que me faltava | Cancelar dá Prazer

Coluna Era Sol Que Me Faltava - Foto: Solange Kappes/ Barriga Verde Notícias

Cancelar dá Prazer!

Ser intolerante dá prazer e satisfação. É isso mesmo, prazer e satisfação são as principais razões que explicam o fenômeno do cancelamento que é tão frequente na contemporaneidade, especialmente no mundo web. Se na atualidade não houvesse uma sedução tão grande pelas psicopatologias, eu diria que existe um certo grau de sociopatia diluído entre os sujeitos. Afinal, é notada uma disposição muito grande para a prática de crueldades, violências, desrespeitos e agressões.

Como somos seres gregários, também parece obvio que esses comportamentos cruéis e grosseiros sejam, em grande parte, “induzidos” pela sociedade, por intermédio do que conhecemos por mecanismos sociais. Exemplo disso, são as antigas formas do cancelamento, como a inquisição e a escravidão. E o gado segue a boiada, sozinhos, somos inofensivos, no rebanho, acabamos com qualquer um. Quanta covardia!

A contradição gritante é que, em outros tempos, a humanidade percebia-se culpada, moralista e reprimida. Na atualidade, nos afirmamos liberados, permissivos e tolerantes. Enfim a hipocrisia, diria o meme. No entanto, essa falsa proclamação de tolerância não trouxe o alívio esperado para nossa existência. Apenas nos coloca em uma busca incessante por uma “evolução espiritual” que nos atira em um poço de vazio existencial.

A tão esperada tolerância que oportuniza uma maior compreensão e aceitação do outro ainda, e talvez mais do que nunca, é um sonho distante. Afinal, o mundo de narcisistas ignora e agride tudo aquilo e todos aqueles que não lhe dizem respeito ou que minimamente divergem.  Vale lembrar que tolerância é definida como a disposição para tolerar, aceitar e suportar os diferentes modos de pensar, de agir e de sentir, diferentes dos nossos.

Enfim, ao que parece, aceitar que o outro merece respeito vai contra uma sensação de onipotência infantil que carregamos, isso ofende nosso narciso. Pois imagine a dor de reconhecer o outro, de lhe conferir importância e, daqui há pouco, notá-lo melhor que nós em algum sentido. É infinitamente mais seguro para nossos EU’s tão frágeis apontar os outros, denegrir, diminuir, humilhar, expor e xingar. É, ainda não “melhoramos” como espécie.

Solange Kappes
Psicóloga CRP 12/15087
E-mail: psicologasolangekappes@gmail.com
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