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Clínicas particulares de SC almejam vacina da Covid-19, mas alto preço e incertezas motivam cautela

Vacinas Sputnik V e a Covaxin podem pedir liberação de uso emergencial sem fase 3 no Brasil - Foto: Tiago Ghizoni/Arquivo/NSC

A retirada pela Anvisa da exigência de estudos de fase 3 no Brasil para aprovar uso de vacinas contra Covid-19 gerou expectativa para a liberação do uso emergencial de dois imunizantes: a Sputnik V e a Covaxin. 

A última tem a compra almejada pela Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVAC), que pretende oferecer doses na rede privada. Contudo, entre clínicas particulares catarinenses ouvidas pelo veículo de comunicação, não há consenso sobre aquisição, mas a maior parte concorda que preço oferecido pelo produto dificulta o negócio.

— Nós decidimos não comprar porque tinha muitas indecisões a respeito da comercialização pela importadora. A proposta era de você pagar 100% na compra da vacina para receber depois que está tudo pago e ainda não tínhamos muita certeza de quando viria essa vacina — diz o diretor da Vacinas Santa Catarina, Hamilton Rosendo Fogaça.

A clínica é uma das 14 catarinenses associadas ABCVAC. Em janeiro, a associação informou a negociação com o laboratório indiano Bharat Biotech para a compra de cinco milhões de doses de uma vacina contra a Covid-19. A partir disso cada clínica pôde avançar ou não na compra desses imunizantes. 

Para o representante técnico da Clinicors Serviços Médicos de Xanxerê, Paulo Peres, o alto custo da compra da vacina tornaria o preço de venda à população de quase R$ 1 mil por dose. 

Isso porque, segundo ele, o valor oferecido pela importadora encontrada pela ABCVAC estava próximo aos US$ 40. O custo incluiria ainda taxa de importação, impostos e outros encargos. Peres diz ainda que vai esperar a conclusão dos estudos de fase 3 da vacina no Brasil para pensar na compra da Covaxin:

— A situação é muito arriscada e a qualidade dessa vacina é discutível.

O gestor comercial da Imunizar Clínica de Vacinas, Guilherme Morais diz, por sua vez, que há uma intenção de compra do imunizante assim que houver a liberação pela Anvisa. Segundo Morais, a procura pela vacina é grande, mas ainda não foi possível efetuar a compra das doses.

— Não tem como a gente fazer um pedido e fazer algo quando não tem vacina ainda. Só vamos agir quando tiver mais concretizado — comenta o gestor da clínica com unidades em Florianópolis, São José e Biguaçu.

Covaxin em fase final de teste

A Covaxin, desenvolvida pelo laboratório indiano Bharat Biotech, está na fase 3 de testes na Índia. Estudos preliminares publicados na The Lancet sobre a vacina mostraram que o imunizante não gera efeitos colaterais e produz anticorpos contra a Covid-19. O imunizante usa o vírus inativo e é aplicado em duas doses. Na Índia, os testes finais ocorrem desde novembro.

Já no Brasil, a fase final de testes, onde a eficácia é verificada, será feita pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Os testes devem começar em março por um período de 45 a 90 dias. Cerca de 3 mil voluntários serão testados em cinco centros de referência. A expectativa é que os resultados sejam publicados em maio.

Contudo, não é necessária a conclusão do estudo no país para que a vacina seja aplicada. Na quarta-feira (3), a Anvisa retirou a exigência de estudos de fase 3 conduzidos no Brasil para a aprovação de uso emergencial. Nestes casos, a agência tem até 30 dias para acatar o pedido.

Sputnik V também é almejada

A Federação Catarinense de Municípios (Fecam) assinou um protocolo de intenções com a Câmara Brasil-Rússia na quinta-feira (4) como forma de “abrir um canal de contato” para a compra da vacina Sputnik V.

Fonte: NSC