Depois de solicitar um volume mínimo da vacina da aliança mundial criada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), o governo brasileiro receberá menos doses que cinco outros países emergentes, alguns inclusive com populações inferiores às do Brasil.
A Covax, a aliança criada para garantir a distribuição de vacinas pelo mundo, anunciou nesta quarta-feira que o Brasil ficará com 10 milhões de doses das vacinas da AstraZeneca e que esse volume chegará ao país até junho, começando com entregas limitadas a partir do final de fevereiro ou início de março.
A aliança, em email à coluna do UOL nesta quarta-feira, confirmou que o Brasil receberá um quarto desse total no primeiro trimestre, com cerca de 2,5 milhões de doses. Esse número poderá chegar a 3,5 milhões se o abastecimento for confirmado. O restante ficará apenas para o segundo trimestre.
Das 170 milhões de doses que a entidade receberá para distribuir ao mundo da AstraZeneca, 15% serão disponibilizados à aliança até março.
Os dados se contrastam com o anúncio do Ministério da Saúde que, no fim de semana, disse que o Brasil receberia entre 10 milhões e 14 milhões de doses “a partir de fevereiro”. O governo não explicou em sua nota o prazo em que essas entregas seriam realizadas. Brasília tampouco explicou que o volume de 14 milhões se referia ao total contratado, e não à entrega imediata.
A coluna revelou, ainda no sábado, que o governo havia omitido informações e que, de fato, o Brasil apenas receberia uma parcela menor das vacinas no primeiro trimestre de 2021.
No total, cerca de 145 países receberão doses da aliança. Em proporção ao tamanho de suas populações, alguns outros países receberão mais que o Brasil. A República Democrática do Congo, por exemplo, terá 7 milhões de doses. Mas com uma população que não chega a ser sequer metade da brasileira.
Veja o número de doses por país
De acordo com o mapeamento apresentado nesta quarta-feira, cinco países receberão mais doses em números absolutos que o Brasil:
- Índia – 97 milhões de doses
- Paquistão – 17 milhões de doses
- Nigéria – 16 milhões de doses
- Indonésia – 13,7 milhões de doses
- Bangladesh – 12 milhões de doses
O Brasil, ao assinar o contrato com a aliança, optou por fazer o menor pedido possível no acordo que era proposto. O governo solicitou doses para apenas 10% de sua população.
A Covax explicou ainda que tomou a decisão de repartição levando em conta a situação da pandemia em cada um dos países, além da taxa de transmissão. Mas tentará, num primeiro momento, garantir que todos recebam o equivalente a 3% de suas populações e, por isso, a repartição num primeiro momento atenderá esse princípio.
Distribuição de vacinas se baseia em estimativas e números podem mudar
No total, o Brasil comprou 42 milhões de doses da Covax. Mas os dados indicam que, no primeiro semestre, menos de um quarto deste total desembarcará no Brasil.
A aliança ainda fez questão de indicar que os dados “podem mudar” diante da falta de vacinas no mercado internacional.
A Covax admitiu que, no primeiro semestre, irão enviar aos países mais pobres 250 milhões de doses, 153 milhões a menos do que estava planejando.
Fonte: UOL