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Bolsonaro pede que vídeo de reunião ministerial não seja divulgado na íntegra

Na véspera da data definida pelo ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), para decidir sobre a divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pediu mais uma vez que a íntegra da gravação do evento não venha a público.

Celso de Mello é o relator da investigação sobre a suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal.

“Eu só peço: não divulgue a fita toda. Tem questões reservadas, tem particularidades ali de interesse nacional. O resto, o que eu falei… Tem dois pedacinhos de 15 segundos que é questão de política externa que não pode divulgar.

O resto, divulga. E tem bastante palavrão, tá. Peço para o pessoal não assistir, uma reunião reservada. Se o ministro resolver divulgar, vou cumprir a decisão judicial”, disse Bolsonaro nesta quinta-feira (21), durante live nas redes sociais.

O presidente chegou a falar em “constrangimento” caso sejam divulgadas declarações que ministros teriam feito de forma informal durante a reunião.

Bolsonaro voltou a negar que tenha cobrado mudanças na PF durante a reunião, contrariando a versão dada pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro quando pediu demissão do cargo, no fim de abril.

“Não tem nada, nenhum indício de que por ventura eu interferi na Polícia Federal naquelas duas horas de fita”, afirmou o presidente.

As acusações de Moro sobre interferências de Bolsonaro na Polícia Federal, principalmente na superintendência do Rio de Janeiro e na direção-geral da corporação, são alvo da investigação autorizada pelo STF.

Celso de Mello recebeu o vídeo da reunião na segunda-feira (18). Naquele dia, o STF comunicou que o ministro decidiria sobre a divulgação da gravação — parcial ou total — até sexta-feira (22).

Na semana passada, Bolsonaro afirmou que quem espera que o vídeo seja um “xeque-mate”, vai “cair do cavalo”.

A defesa de Moro defende a divulgação do conteúdo na íntegra. Segundo o próprio ex-ministro, não há assunto pertinente a segredo de Estado ou que possa gerar incidente diplomático, muito menos colocar em risco a segurança nacional, como alega Bolsonaro.

Coronavírus

Bolsonaro voltou a criticar as medidas de isolamento social adotadas durante a pandemia de Covid-19 e afirmou acreditar que “mais importante que a vida, é a liberdade”. Segundo o presidente, “morre muito mais gente de pavor do que de um ato em si”.

Enquanto Bolsonaro fazia sua live, o Ministério da Saúde divulgava as últimas estatísticas sobre o novo coronavírus no Brasil. Foram 1.188 mortes registradas nas últimas 24 horas, novo recorde para um único dia.

O país tem mais de 20 mil vítimas da Covid-19. O presidente mais uma vez disse lamentar as mortes pela doença, mas não comentou os números.

Bolsonaro defendeu que os brasileiros voltem ao trabalho usando máscaras, isso assim que o projeto em tramitação no Congresso que obriga o uso do equipamento de proteção for aprovado.

Para o presidente, a segurança fornecida pelos equipamentos justifica uma eventual retomada da atividade econômica, de forma que “se não puder (trabalhar), é porque a máscara não funciona”.

“Se nós dizemos a vocês que a máscara evita o contágio, vamos poder trabalhar de máscara, porque, se não puder, é porque a máscara não funciona. Tem que voltar a trabalhar, pô, a vida continua”, disse.

Bolsonaro também voltou a defender o uso da cloroquina no tratamento da Covid-19, embora reconhecendo que ainda não há comprovação científica de que o medicamento funcione contra o vírus.

O presidente chegou a comparar a atual situação da cloroquina com as incertezas que, segundo ele, existiam no começo do uso do AZT contra o HIV.

“Nós sabemos que não tem uma comprovação científica, mas tem muitos relatos de médicos, de pessoas com comorbidades que tomaram a hidroxicloroquina e estão vivos. Claro que alguns morrem, mas a grande maioria vive e conta sua experiência”, afirmou. “Quem quiser tomar, toma. Quem não quiser, não toma.”

 

Fonte: CNN Brasil