O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse, durante transmissão ao vivo nesta quinta-feira (30), que está com “mofo no pulmão” e, diante de uma infecção, começou a tomar antibiótico.
“Acabei de fazer um exame de sangue, né, estava com um pouco de fraqueza ontem, acharam até um pouco de infecção também. Estou agora no antibiótico, deve ser… agora depois de 20 dias dentro de casa, a gente pega outros problemas. Eu peguei mofo, mofo no pulmão”, disse Bolsonaro em transmissão ao vivo pelas redes sociais.
Bolsonaro não deu detalhes sobre o tipo de infecção e disse que vai cumprir agenda de viagem na sexta-feira em Bagé, no Rio Grande do Sul. Nesta quinta pela manhã, o presidente teve a sua primeira agenda oficial de viagens desde então, visitando municípios no Piauí e na Bahia.
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O presidente garantiu na transmissão pelas redes sociais que está curado da Covid-19, após ter afirmado no fim de semana que teve teste negativo para a doença. Ele havia anunciado em 7 de julho que teve teste positivo para o novo coronavírus.
Após a live, o presidente da República disse à CNN que a declaração sobre estar com “mofo no pulmão” foi uma brincadeira. Bolsonaro declarou que passou por exame de sangue que mostrou uma diminuição dos leucócitos, células responsáveis pela defesa do organismo.
“Estou bem, 100%. Mas é muito zelo da equipe médica. Não sou acostumado a isso. Estou bem, se eu não estivesse bem, não iria viajar amanhã [sexta, dia 31]”, disse.
‘Engrenar com o Parlamento’
O presidente afirmou que seu governo “está começando a engrenar com o Parlamento”. “Ontem foram quatro medidas provisórias aprovadas”, comemorou Bolsonaro, que defendeu a aprovação da MP editada por ele que altera as negociações dos direitos de transmissão de jogos de futebol no país.
Bolsonaro fez referência ao fato de ter acenado ao Centrão durante a sua viagem ao Piauí para inauguração de obras. “Elogiei o Parlamento, sei que alguns vão me criticar por isso”, comentou.
O presidente estava acompanhado do senador Ciro Nogueira (PP-PI) e outras lideranças do bloco, citando o senador Elmano Férrer (Podemos-PI) e o deputado Claudio Cajado (PP-BA).
Na seara política, ele elogiou o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e afirmou que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), é bem-vindo em agendas no interior do estado na próxima semana. Um decreto classificando a região do Vale do Ribeira na área vermelha do Plano São Paulo, decisão a critério de Doria, pode impedir a visita.
“Pela segunda vez, o senhor governador de São Paulo, sua excelência, João Doria, nada a ver com a minha ida lá, mas iria baixar um decreto transformando por um tempo, não sei quanto, em área vermelha o Vale do Ribeira. Se isso acontecer, vou ser obrigado, mais uma vez, a adiar minha ida ao Vale do Ribeira”, afirmou.
Bolsonaro, no entanto, afirmou que quer convidar Doria a ir com ele, de helicóptero, ao local.
‘Pazuello é gestor’
O presidente Jair Bolsonaro elogiou o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, e rejeitou a hipótese de que o militar deveria ser substituído no cargo por um médico. “Tivemos um médico, olha a desgraça lá que foi o primeiro”, disse, em referência ao ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM).
Bolsonaro disse que Pazuello é “gestor”, e enfatizou a atuação do militar nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016 e na situação dos venezuelanos em Roraima.
O presidente falou mais uma vez sobre a hidroxicloroquina, reconhecendo que o medicamento não tem eficácia comprovada contra a Covid-19. “Não tem comprovação científica? Não tem. Mas não tem também que não faz efeito”, repetiu.
Meio ambiente
Bolsonaro defendeu a aprovação de projetos de lei que permitam a transformação de áreas ambientais em locais de interesse turístico.
Para Bolsonaro, o poder público não tem condições de fiscalizar as áreas, e elas podem ser concedidas a empresas que poderiam explorá-las economicamente, com a condição de fazer a preservação ambiental.
“Se fala em fiscalização, mas não tem como fiscalizar a quantidade de áreas de proteção ambiental e a quantidade de áreas indígenas”, disse o presidente.
“Por exemplo, uma empresa vai ficar com a ilha do Sandri [na região de Angra dos Reis], que tem um esqueleto de hotel abandonado e ninguém pode fazer nada. O pessoal vai lá tirar madeira, isso e aquilo, [isso pararia] porque a responsabilidade de manter o ecossistema passa a ser da empresa”, argumentou Bolsonaro.
Ferrovias
Participando da live, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, falou sobre a intenção do governo de expandir os investimentos em ferrovias. Tarcísio comemorou a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de aprovar a concessão antecipada de ferrovias da mineradora Vale.
A empresa pagará a concessão com o financiamento de novos projetos de ferrovias, que serão repassadas ao governo ao final da obra. A intenção, declarou o ministro, é criar um ciclo de obras sucessivas, que sejam concedidas à iniciativa privada e convertidas em novas obras.
“A Vale, ao invés de pagar a outorga por tesouro, ela vai construir ferrovias para nós. Quando a obra tiver pronta, a gente vai conceder para a iniciativa privada e fazer uma nova outorga”, explicou o titular da Infraestrutura.
Pedido de desculpas
Logo no início da transmissão, o presidente Jair Bolsonaro pediu desculpas à jornalista Bianca Santana por uma afirmação feita na live de 28 de maio, quando afirmou que ela era responsável pela divulgação de notícias falsas.
Segundo Bolsonaro, ele se enganou porque o nome dela constava em um texto e ele erroneamente atribuiu à ela. “Tinha o nome dela lá embaixo e houve equívoco da minha parte”, afirmou.
Bianca ingressou no final de junho com um processo contra o presidente pedindo indenização por danos morais. Além das desculpas, o presidente disse ter determinado que a live deste dia seja excluída das suas redes sociais.
Fonte: CNN