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“Arte urbana é um estilo de vida”, pontua o artista Digo Cardoso

Rodrigo Cardoso dos Santos, mais conhecido como Digo Cardoso encontrou na arte urbana um estilo de vida. Desde os estudos, até a execução, o artista relata que desde o primeiro contato com esse “mundo” tem interiorizado proximidade e agregado um novo conhecimento à carreira. O artista foi um dos vencedores do Edital de Seleções de Projetos de Arte Urbana no elevado em Chapecó com a obra “Entre rios e flores”.

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O artista retratou temáticas vinculadas à história de Chapecó e da cultura indígena, presentes não somente no município, mas no país inteiro. “Decidi fazer algo relacionado aos indígenas pela força que essa cultura tem na região. Na outra lateral abordei uma temática que retrata quando Chapecó recebeu o título de cidade das rosas há alguns anos, já que possuímos muitos canteiros com flores, principalmente na avenida”, pontua.

A arte de Digo que retrata os indígenas também teve o objetivo de provocar reflexões contundentes. “O desencaixe da pintura dos indígenas foi totalmente proposital, não foi um erro de medidas. Uma das características do meu trabalho é a subjetividade, fazer com que as pessoas possam refletir para tirar suas próprias interpretações”, enfatiza.

O artista destaca ainda que o próprio desencaixe do desenho está atrelado ao “desencaixe” da cultura indígena em relação à cultura do município e do país. “Em vários países, a cultura dos seus povos nativos está na linha de frente e aqui em Chapecó, no estado e no Brasil os indígenas não estão na linha de frente do cenário cultural. O desencaixe no viaduto tem sim uma questão de estética, mas faz referência a esse desencaixe cultural dos indígenas na sociedade”, explana.

Conforme conta Digo, a estética do trabalho surgiu após estudos desde o ano passado com a intenção de promover uma pintura executada com rolinhos e que poderia ser testada em paredes espaçosas. Outra escolha do artista foi realizar as pinturas diretamente no concreto.

“Eu poderia ter pintado matas ao fundo, mas foi uma opção deixar as artes no concreto. É uma reflexão da posição dessa cultura no cenário urbano, a ocupação deles no concreto e a urbanização dessa cultura. Um dos índios tem uma pochete no colo que retrata esse ambiente mais urbano”, explica Digo. O artista também aponta uma inspiração no trabalho de Renato Soares que o ajudou a aprimorar os projetos de arte urbana.

“Se eu soubesse a fórmula, contaria para todo mundo”. A frase de impacto revela a intenção de Digo ao refletir sobre a valorização dos artistas em Chapecó e na região. “Eu considero que para o meu trabalho ser valorizado, aos poucos você precisa se valorizar também, não parar de produzir. Quando se começa em um exercício de produção intensa, às vezes doloroso, às vezes prazeroso, é como se estivesse mexendo em uma panela de energia. As coisas vão acontecendo, vai girando uma roda que é importante para o funcionamento das coisas. Acho que também parte do próprio artista e da sua produção”, finaliza Digo.

Por: Liziane N. Vicenzi – Jornalista – MTB 6142