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3 pacientes com Covid que receberam nebulização com hidroxicloroquina morrem no RS

Três dos quatro internados que fizeram o tratamento apresentaram taquicardia ou arritmias após a nebulizaçã (Foto: Eleven / Folhapress)

O Hospital Nossa Senhora Aparecida, de Camaquã, no RS, divulgou na quarta-feira (24) que três dos quatro pacientes com Covid que foram nebulizados com uma solução de hidroxicloroquina morreram. O procedimento sem comprovação científica foi administrado pela médica Eliane Scherer, que é investigada pelo Ministério Público.

Na segunda-feira (22), o hospital denunciou a profissional ao Conselho Regional de Medicina e ao Ministério Público por utilizar o tratamento experimental em pacientes com Covid-19. O procedimento não tem aval dos protocolos de saúde do hospital nem do fabricante do produto, o que coloca em risco a segurança dos pacientes.

Segundo o diretor técnico do hospital, Tiago Bonilha, três dos quatro internados que fizeram o tratamento apresentaram taquicardia ou arritmias após a nebulização.

— Não tenho como atribuir melhora ou piora diretamente ao procedimento, mas, de fato, o desfecho final de três pacientes submetidos à terapia foi óbito. Todos eles têm documentado em prontuário taquicardia ou arritmias algumas horas após receberem a nebulização. Dois deles já estavam em grave estado geral, com insuficiência respiratória em ventilação mecânica, e um deles estava estável recebendo oxigênio por máscara com boa evolução — descreve Bonilha ao portal G1.

Famílias buscam o tratamento com hidroxicloroquina

Na sexta-feira (19), o presidente Jair Bolsonaro defendeu o tratamento e a atuação da médica Eliane Scherer durante entrevista a uma rádio do Rio Grande do Sul. Durante o final de semana, ao menos duas pessoas buscaram, entraram na justiça pedindo a aplicação da nebulização.

Um dos pedidos foi aprovado, desde que a médica assumisse o tratamento integral da paciente e que os familiares assinassem um termo eximindo o hospital de responsabilidades.

A direção do HNSA explicou, por meio de nota, que, após a concessão da liminar, “o hospital firmou com outras famílias que tinham o mesmo interesse em aplicar o tratamento em seus familiares termo de acordo no qual a médica e os familiares se responsabilizavam pelas consequências do tratamento, e tinham ciência de que não havia nenhuma comprovação científica quanto ao mesmo”.

A nota do hospital também destaca que “por se tratar de um tratamento sem comprovação cientifica, o Hospital não pode afirmar que houve relação direta entre os óbitos e a inalação com HCQ, por sua vez, não verifica que a nebulização contribuiu para melhorar o desfecho dos pacientes”.


Fonte: NSC Total